Referencia:
ESCOLA
Um ensino novo para uma nova geração
A sociedade mudou, e as crianças também. Plugada na
tecnologia, a nova geração está mais ativa, rápida e informada.
Percorra uma escola que inovou na metodologia de ensino e acolheu esses
jovens ávidos por novas formas de aprendizado.
A sociedade mudou, e as crianças também. Plugada na tecnologia, a
nova geração está mais ativa, rápida e informada. Percorra uma escola
que inovou na metodologia de ensino e acolheu esses jovens ávidos por
novas formas de aprendizado.
Recentemente a avó de Letícia
Fornaciari Fernandes, 12 anos, montou uma loja de roupas em São Paulo.
Para ajudá-la nos negócios, a neta mostrou-lhe seu caderno escolar a
pedido do pai. "Comecei a falar como funcionava uma empresa, expliquei
sobre a importância de ter o capital necessário e de fazer uma boa
propaganda. Mas ela não deu muita bola", conta a jovem, que está no 7º
ano do ensino fundamental.
Muito nova para entender do assunto?
Nem tanto. Letícia estuda na escola Germinare, que oferece, entre outras
disciplinas, a de empreendedorismo. Localizada em São Paulo, a
instituição de ensino é gratuita e foi criada em 2009 pelo Grupo JBS,
especializado em carnes e laticínios, que decidiu investir em um projeto
social próprio. "A ideia era desenvolver um espaço educacional que,
além de ensinar as disciplinas tradicionais, trouxesse uma qualificação
profissional dinâmica, criativa e inovadora", fala a administradora de
empresas Daniela Loureiro, presidente do Instituto Germinare, braço
social da holding, de São Paulo.
Atualmente, de um total de 360
alunos, cerca de 70% vêm das escolas públicas (o restante de
particulares - porém de baixo custo e, geralmente, com pouca excelência
no ensino). "Nosso objetivo é dar oportunidade às crianças de
desenvolverem todo seu potencial e assim chegarem mais perto de um
futuro promissor - entrar numa boa faculdade e ter um bom emprego", diz
Maria Odete Perrone Lopes, coordenadora pedagógica da Germinare. Segundo
ela, todos os alunos (que não tiveram chances de um aprendizado
qualificado no passado, mas possuam algum potencial de aprendizado)
podem desenvolver habilidades pessoais e intelectuais que ajudarão a
encarar os desafios profissionais e coletivos. Basta que lhes sejam
oferecidas as ferramentas corretas. "A informação, infinita nessa era
digital, vem pronta; já o conhecimento não. Portanto, é preciso
estimular as crianças a pensar sobre cada assunto discutido para que
elas não se tornem parte de uma geração superficial e sem valores",
afirma a diretora.
Ser alfabetizado, saber ler, escrever e as quatro operações matemáticas,
já se sabe há muito tempo, é requisito para a plena inserção do cidadão
na sociedade. Mas, na medida em que a sociedade se organiza cada vez
mais em torno da internet, criando a "Sociedade da Informação", outra
alfabetização além desta é necessária: a alfabetização digital. Assim
como não aprendemos automaticamente a escrever quando ganhamos uma
caneta ou um lápis, também não aprendemos a usar todas as
potencialidades do computador e da internet sem um treinamento adequado.
Quais são as habilidades chaves desta nova alfabetização? A
aprendizagem de ferramentas de comunicação digital e a existência de
redes para acessar, manipular, criar e avaliar informação, segundo a
Comissão Européia para a promoção da alfabetização digital. Ou, como
define o educador Celso Niskier: "aprender a colaborar, aprender a usar a
informação, aprender a resolver problemas e aprender a aprender".
Em primeiro lugar, é preciso estar "incluído". Isso significa ter acesso
a um computador e à internet. A construção de telecentros em bairros
periféricos, por exemplo, tanto pela iniciativa pública quanto privada é
altamente necessária neste contexto. O uso de softwares livres, os
programas de computador que podem ser baixados livremente na internet
sem a necessidade de pagar por eles, também é outro ponto importante,
pois baixa drasticamente o custo de instalação de programas no
computador.
Para medir a inclusão digital num país, não basta quantificar o número
de computadores por casa. Este método é bastante usado, mas não é um
indicador preciso. Outras medidas importam, como o tempo que o indivíduo
tem para acessar a rede, a qualidade do acesso e a constante
atualização de hardware, a parte física dos computadores, e de
softwares, os programas que usamos. Além disso, o potencial de
aproveitamento da inclusão digital dependerá diretamente da capacidade
de leitura e interpretação da informação pelo usuário. Assim, combater a
exclusão escolar é também combater a exclusão digital. A alfabetização
básica é o início da oportunidade de condições para o uso do computador e
da internet.
Se você retira um livro na biblioteca, identifica rapidamente quem é o
autor, quais os outros livros ele escreveu, lê a orelha da capa e já
sabe o que esperar do conteúdo. Na internet, em um ambiente com milhares
de páginas de conteúdo que aparecem de forma fragmentada,
contextualizar a informação que se acessa através de buscadores como o
Google não é tarefa das mais fáceis. Por isso, conhecer as principais
formas de busca de informação na internet, ter critérios para selecionar
e reconhecer qual é o volume de informações necessário para resolver
determinado problema, analisá-las e compreendê-las de forma crítica,
assim como não acreditar piamente em tudo que está escrito antes de
interpretar o contexto é fundamental para aproveitar com qualidade o
grande banco de dados que é a rede.
Usar de forma eficaz a informação encontrada em função de um objetivo
previamente determinado é um parâmetro para identificar um bom
desenvolvimento nestas competências. Às vezes, achamos um site e
acreditamos que ele é a única fonte daquelas informações. Mas é preciso
tomar cuidado, pois muitas vezes o que está ali pode ter sido copiado de
qualquer outro lugar, até de um livro, e não apresentar a referência
correta. Saber identificar isso é fundamental para o uso da internet
como fonte de pesquisas escolares, e é necessário "alfabetizar" os
jovens neste uso.
Na sala de aula, uma forma de incentivar o desenvolvimento destas
habilidades é fazer com que o aluno construa um pequeno banco de dados
de informações sobre um determinado tema, selecionando o que é
importante e o que não.